1. |
Acordem, Mentes Inertes
03:19
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Não olhem para trás com desdém
Para isso estou cá eu...
Bem sei que não convém
Mas, no seu apogeu
A ferida ficava-me bem
Não queimem o livro barato
Só para parecer velho
Escrevam só o justo e o exacto
Mesmo que não gostem de o ver ao espelho
Tentem não saber de mim
Está tudo bem assim
Não me dêem notícias do mundo
Enquanto me afundo e lamento
Não me dêem notícias do mundo
Enquanto for profundo o meu desalento
Não me dêem notícias do mundo
Enquanto brinco com o meu novelo imundo
Aceitem a minha condição
De um passado que rima,
De um presente que não
De um futuro que afirma
Não respeitar a métrica do refrão
Tentem não saber de mim
Está tudo bem assim
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2. |
Limão
03:30
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o mundo gira à minha volta
e não sei por bem aceitar uma derrota
vou convencer-te a dares-me espaço
pelo perigo que eu sou
amargo sabe bem
a quem não foge do abismo sem lei
os meus gélidos gemidos
não chegam para te impedir de errar
as nossas falhas são regadas com limão
as chagas não saram
o mundo gira à minha volta
e não sei por bem aceitar uma derrota
esta lágrima de sal
que já não sabe mais onde escorrer
uma estátua ergui pelos jardins de ti
para assim não esquecer que
o mundo gira à minha volta
e não sei por bem aceitar uma derrota
enquanto assim eu for tentando
ter uma réstia de honor
não posso mais sofrer
não posso ser a dor que o mundo irá deixar de ter
o mundo gira à minha volta
e não sei por bem aceitar uma derrota
que o mundo gira à tua volta
gira à tua volta
gira à tua volta
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3. |
Fado Saudoso Subterrâneo
03:27
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ó lisboa
não sejas vadia
não abras assim as pernas aos turistas
que passeiam noite e dia
e só cá vêm ver as vistas
lisboa é as menina que eles querem
pra lambuzar sem apelo nem agravo
já me chega tantos locais
onde não posso ir gastar um chavo
eles vêm aos magotes
em cruzeiros e aviões
mas não deixam cá lingotes,
nem divisas nem acções
lisboa és a mulher que todos querem
pra passear de mão dada pelo chiado
mas quando chegam ao rossio
não te conhecem nem pelo fado
ó lisboa
és uma oferecida
dás-te a troco de um tostão furado
quando lhes fores dar guarida
já embarcaram para outro lado
lisboa és a menina que eles querem
pra passear de tuk-tuk daqui pralém
já me chega de estar na fila
pra comer um pastel de belém
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4. |
Melancia
02:27
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só me faltava agora esta!
não posso beber mais vinho?
queres ver que acaba a festa
que o estômago me encortiça e não quero morrer sozinho...
ouvi um dia "beber vinho e melancia
não é treta, pode mesmo dar chatice!"
já a minha avó dizia,
a matreirice de quem anda nesta vida há muitos anos
e não, não houve enganos
nas experiência do mistério deste fruto enguiçado
dentro de um copo, supreso
primeiro, a fruta estava boa
e depois azedou em peso
desperdiçar um copo cheio
é difícil de fazer
a ladaínha entorpece o juízo
e não posso mais beber
não posso mais beber!
anda brincar á cabra cega
rodopiar com carinho
anda fazer o que quiseres
mas não mistures melancia com vinho...
tudo isto tem uma ordem natural,
de uma forma é que faz mal
e de outra forma é seguro
nem tudo dá pra explicar
nem o néctar divino é alheio a este enigma obscuro
desperdiçar um copo cheio
é difícil de fazer
a ladaínha entorpece o juízo
e não posso mais beber
não posso mais beber!
só me faltava agora esta!
não posso beber mais vinho...
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5. |
Antes Que Seja Tarde
05:28
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deixei passar
o momento certo para falar
perdi a oportunidade
deixei estar
dei o tempo, dei o espaço
fiz o que tinha a fazer
e, nesta hora calma, regressei
já sem nada para dizer
aprendi a ler
o que dizias sem querer
sem falar e sem viver
com o fato de domingo
bem passado e engomado
quase a saltar do caixão
para cumprimentar
o senhor padre
antes que seja tarde
disse-te então o adeus
nunca em tom de despedida
no silêncio do véu
uma homenagem bem sentida
dei o tempo, dei o espaço
fiz o que fiz com vontade
irei depor contra deus
se não contares toda a verdade
antes que seja tarde
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6. |
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se tens meio palmo de testa
se tens um sítio para ir
se sabes o que pensar
e se sabes o que está para vir
já não se está nada bem aqui
se já olhaste ao céu
e não viste o sol a cair
não ouviste os pastorinhos?
e a núvem no carrasco a zumbir, não?
já não se está nada bem aqui
se não pagaste a promessa
que prometeram por ti
não queiras vir ao calor do inferno
e não se está mesmo nada bem aqui
já não se está nada bem aqui
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BERA Portugal
BERA é um projecto de cantautor em nome alheio, acústico e psicadélico. É inspirado na vida, e inspirado em
frutas.
Comecei a tocar guitarra, porque gostava, em 1993. Nunca quis, nem sabia cantar. Até que aconteceu.
BERA surgiu em Setembro de 2013.
Ao rever o Herman José no RTP Memória a rebentar TV's com tiros de caçadeira, a inspiração surgiu em forma de fruta que apodrecia na cozinha.
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